domingo, 10 de outubro de 2010

Ciclo vicioso



A manutenção das relações de poderes na sociedade brasileira e poderia dizer até global, dá-se por ciclos. Viciosos. Comportamento osmótico das parcelas sociais mais abastadas, sobretudo intelectualmente, condicionam a forma de pensar das classes desfavorecidas. Em outro artigo, "Messianismo Político", publicado neste mesmo blog, disserta sobre a esperança política brasileira de que um ser fantástico nos salvará. E quase sempre esse ser é a mimese do que os brasileiros querem ser: a nova elite. Essa esperança é maquiagem produzida pelos atuais ricos. Mas é somente flagelo para o pobre.
A "make" política é amplamente desfavorável ao Brasil. A crítica generalizada da descrença política é fajuta e errática. Ela induz ao conservadorismo, ao pensamento individual e incorpora traços finos ao eleger seus rivais. Esses rivais somos nós mesmos, o Brasil.
Para falar em cima de fatos, é notório que eu diga que há um ambiente que frequento em que a participação política e até partidária está em alta. Há adesivos de determinado candidato colado em todas as partes. Inclusive na privada, o lugar mais apropriado ao dito cujo. Mas o problema é outro e mais grave: há um retrocesso ideológico na juventude brasileira. Nossos jovens já não sonham mais com democracia. Eles a têm. Nossos jovens não sonham mais com liberdade de expressão. Eles a têm. Mas tudo isso não significou um avanço humano/crítico em relação ao país. E por quê? Pois o tal ciclo vicioso está instalado nesta distinta parcela do Brasil. O mais importante segmento social do Brasil, que será a classe pensante no futuro. As rédeas da nação. Que na verdade trocou de lugar e hoje está mais pro animal do tracionado... E tudo porque faz concessões! Concede-se a igualdade e as soluções para o Brasil em troca de dinheiro, de tecnologia defasada, de manutenção elitista. Não há mais aspiração coletiva. Há a materialização do ventríloquo juvenil.
Os ventríloquos vão crescer e poderão adquirir ou não uma boa qualidade de vida. Coisa supérflua, já que a rejeição ao pensamento crítico não afeta "raça", classe social ou região territorial. E mais adiante, é natural que essa grande massa de gente feliz, bem sucedida e do bem, queira se reproduzir. E assim acontecerá. Novos ventríloquos continuaram a ser moldados no seio familiar, com raras chances de criar-se ali um subversivo, alguém que renegará a herança maldita de perpetuação daqueles que nutrem admiração pelos mantenedores do poder. Nosso país está ilhado. E nas teclas desse escrevinhador, lá no fundo, existe uma incoerência, só que mais ajustada: também desejo nós salvemos o Brasil do colonialismo mental.

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