quarta-feira, 20 de abril de 2011

Didática Inconsequente


Como me é peculiar, começo a pedir desculpas por mais uma deliberação intelectual que insiste em contrapor o mundo das idéias ao mundo que é mundo. Mas, se a inquietude lhe é apresentada, renunciá-la é quase sempre um erro fulcral.

Palavras vazias, incoerências, idéias desconexas pinçadas e postas no papel apenas a confundir as pessoas? Talvez assim seja interpretado mais este texto. Como também estou a interpretar o sufrágio. Este, quando transladado da caverna de Platão para o mundo objetivo/didático desnatura-se como a proteína a cinqüenta graus centígrados. Desnatura-se, pois o sufrágio é mais uma égide intrínseca ao pensamento do homem. O sufrágio está a prometer e não a consolidar. O sufrágio “É”. Entendê-lo como “IRÁ SER” é errático.

O sufrágio:
Transliterado de Claudio de Cicco e Alvaro de Azevedo Gonzaga na “Teoria Geral do Estado e Ciência Política”: “direito público subjetivo de natureza política, que tem o cidadão de eleger, ser eleito e de participar da organização e da atividade de poder”, p. 104.
Atendo-me ao conceito em sentido estrito, sem a intenção de alargar ainda mais os campos da análise do fenômeno, percebo quão desnecessária é a pergunta: “o sufrágio é obrigatório ou não é?” A pergunta é desnecessária justamente pelo sufrágio preexistir ao voto, justamente por este ser extensão daquele. Também por ser o sufrágio construção constante, inercial, inalienável, por não existir força anulatória de sua grandeza, pois esta se existisse, consecutivamente também destruiria o homem em todos os aspectos. Ou seja, o sufrágio não é exercitável, obrigatório ou facultativo, ele está ali independente da ação humana, no caso da contemporaneidade, do votar ou abster-se de votar. Isto se dá por não ser o sufrágio direito, tampouco dever, não apresentando definição eficiente, irrefutável. Talvez um axioma, reiterando o ‘’É’’ em detrimento do “IRÁ SER’’.

O voto:
Tem caráter finito, conclusivo, por mais boa vontade que se tenha a posteriori. A Ciência Política erra por analisar o sufrágio em função do voto, como conseqüência deste. Quando cada fagulha do pensamento é criada, também assim é o sufrágio. Digo que o homem é como essas letras contidas no texto e o sufrágio é a memória do computador. Tudo digitado é gravado, no ato. A construção progressiva do texto é acompanhada pela sobreposição de salvamentos do mesmo pela máquina. Assim também a relação entre pensamento e sufrágio. Quando é outorgada faculdade não suportável ao voto, quando se confere a ele o poder de materializar algo que lhe é bem maior (o sufrágio), avizinham-se grandes distorções. A relação pensamento-sufrágio não necessita de intermediações para se realizar. Pois se assim o fosse, a equação seria esta: PENSAMENTO+AÇÃO (VOTO) = SUFRÁGIO (influir na política). Mas, como já afirmado, a omissão, a abstenção, também gera sufrágio, de qualidade diferente, mas igualmente resultado. Portanto, verifica-se mesmo que a supervalorização do voto é ultrajante, desastrosa, como também qualificar o sufrágio em obrigatório ou facultativo.

Em linhas gerais, o sufrágio é impossível de ser qualificado e analisado como conseqüência do voto. Imagine só quanta inconseqüência é qualificá-lo como obrigatório ou facultativo! Pois é claro a amplitude de um em relação ao outro. A imponência do primeiro em relação ao segundo. E como não tenho pretensão de fazer parte da escola da Exegese, não pretendo fazer do sufrágio o camelo que vai passar no buraco da agulha, ou melhor, do voto.



PEDRO HENRIQUE DO AMARAL

sábado, 16 de abril de 2011

Registro em cartório.


Os manuais de amor que transitam pelo mundo, desde os idos da modernidade até o crepúsculo desta era afirmam que o amor é mágico e quanto mais belo, mais natural se dá. Haveria natural tão mais quanto o olhar?

A Catarina, a Gabriela ou a Julia, quem sabe a Luisa e a Fernanda, eu olho-as e não raras vezes sou observado. A concomitância dos olhares não poderia ser um sinal, uma cláusula pétrea que significasse a reciprocidade, não só a dos olhos, mas quem sabe a do coração? O jogo de cartas marcadas, um determinismo, no mundo das idéias, seria um revés ao amor. Entretanto seria inegável sua eficiência aos leigos nessa de amar.
Peço perdão àqueles que tomaram minha divagação como arrogância. Mas é que me sinto traído com essa ode ao amor burguês que eu não posso viver. Os grandiosos salões de festas, as princesas e seus príncipes, os renegados a quem só o platonismo dá proteção, os choramingos das senhoritas preteridas. A nobreza já nasceu estreita e se reproduziu aos consangüíneos, logo sua distância aos mortais.

Quero para já a abolição dos privilégios de nascimento que ainda perduram nessa de amar. Sinto-me preparado para cultuar a beleza da mulher que os meus olhos disserem sim. Quero fazer sonetos infantis e colocá-los dentro de seu travesseiro. Quero ter de brigar porque ela está a demorar no banho e depois por não se decidir se o scarpin que lhe custou os olhos da cara está combinando com sua roupa. E prometo não criticar a tendência biológica do gênero feminino à guerra.

Registro em cartório.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Sem título


Odiar é tão mais fácil. Óbvio. Elementar. Pelo menos para mim, que fui forjado no amor. Não sei explicar os motivos que por ventura explicariam meu pleonasmo ao elaborar frases românticas. Saiba que pensar no amor é imoral e quero provar-lhe: no excerto acima, originalmente escrevi, depois de por ventura explicariam, "minha cacofonia". Porém, meu ego excessivo me fez rabiscar a palavra mal colocada e substituí-la por outro complemento, o tal "meu pleonasmo". Perdoe-me se fiz o leitor(a) perder segundos de sua vida com explicações imbecis. Mas é que preciso delas para descrever meu estilo de vida pueril e enfadonho quanto à expressão sentimental.

Quando não consigo pôr no papel o que me vem à cabeça, vasculho o encéfalo para procurar a palavra encaixe. Isso é imoral. Considero que a primazia de expressar-se sem a dicotomia do pai dos burros ou da fraqueza da prolixidade é uma virtuda fantástica. Fantástica ao ponto de fazer com que eu perca amizades. Ou subtrair da mulher desejada uma mágoa que valerá seu desprezo eterno. Ainda sim fantástica tal virtude.

Aliás, quero que saiba que não levei mais que o tempo da escrita para elaborar tal disparate filosófico-pseudo. Minto, mas não de todo. Confesso que a caneta desafiou-me por vezes a terminar a linha. Ela tenta imitar seu dono e dá de parar sua vida útil mesmo antes dela ser de fato o que seu adjetivo sugere. Útil. Esta aí algo que não sou. Mas não sinta pena de mim, pois você também não é.

Avisei-lhe desde o início que a primazia da fidelidade ao pensamento é prima da inimizade. E a prima possui até nome. Zia.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Como vai seu mundo? (Por Téo Vieira)


Prefácio: O título já explica o texto, que vai ser baseado nessa pergunta mesmo, não sei se você já parou pra pensar nisso, ou se já te perguntaram isso, mas: Como vai seu mundo?

Normalmente as conversas começam com a frase "Como você está?", isso é 'lei', mas eu parei pra pensar esses dias sobre isso e uma pergunta ficou martelando na minha cabeça: As pessoas realmente se importam com a resposta? Se eu responder que já estive melhor, quantas pessoas irão se importar e me perguntar o que está me impedindo de estar bem? É fato que cada vez mais as pessoas se importam menos com o bem estar das outras, cada vez a relação entre as pessoas é mais fria, mais superficial, mas eu comecei a reparar que não são apenas as pessoas mais 'distantes' que pouco se importam, observando relações entre amigos, e com os meus também, cheguei a conclusão que essa tendência também está afetando os laços mais íntimos - pelo menos os meus.
Sinceramente, eu fico triste quando vejo que a resposta de que eu não estou bem é irrelevante para as pessoas que eu realmente me importo (na verdade eu me importo com todas, mas quero dizer "as mais especiais"), e fico mais triste ainda quando eu mostro pra uma pessoa que eu me importo com as respostas dela, e mesmo assim as respostas continuam sendo de uma superficialidade perceptível. As pessoas, num modo geral, vivem reclamando sobre a frieza das relações do mundo atual, afirmando o que eu citei no final do primeiro parágrafo, mas ironicamente essas mesmas pessoas, muitas vezes, tratam as pessoas do mesmo jeito que reclamam, e não só nesse aspecto, mas hoje as pessoas estão cada vez mais se queixando de coisas que também fazem, mas não vou entrar nesse assunto para não fugir da proposta desse texto.
O que eu devo fazer para que as pessoas sejam sinceras nessa resposta? Como quebrar esse gelo que vem se impregnando nas relações atuais? Eu jurava que a resposta era "ganhar a confiança da pessoa, mostrando que eu me importo com ela", mas isso não tem sido o bastante para alcançar o meu objetivo. Queria ter o poder de saber das conversas entre amigos, não pelo assunto, mas para ver como é o tratamento referido; como não tenho, vou falar sobre o que eu sei e sobre o que eu vivi. Estou de saco cheio dessa falta de interesse nos sentimentos das pessoas, talvez por isso a nossa geração e a que está surgindo sejam as gerações com mais problemas emocionais, aliados a um psicológico fraco que é facilmente forjado, isso é fato. Desconheço a causa dessa "tendência", mas ela me incomoda demais.
Eu acredito que o mundo muda a cada gesto meu, mesmo nos menores (salve Valete!), e não importa o que acontecer, mas eu vou continuar lutando pela volta da sinceridade e do carinho às minhas relações, e se Deus quiser um dia o mundo voltará a se tratar como nunca deveria ter deixado de tratar.

@teo_vieira

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

"Amar-te-ei até que me convir"

Oh, diabo louro que me inquieta! Tuas faculdades mentais me são duvidosas; já sua beleza tenho como dogma divino. Seu sorriso e seu comportamento voláteis me seduzem há anos (...)
Quero-te para mim assim como dizem que Deus nos quer para anjos. Sei que se um podia puder lhe falar de maneira altiva e importante que seus olhos dêem guarida à minha verborragia, quero aproveitá-la da maneira mais intensa! Perdoe-me diabo louro se não lhe tenho mais aquele platonismo. É causa de que o perdi nos meus anseios carnais. Não me consterno mais ao tratá-la como objeto de consumo. Sim, tu és meu objetivo. E bem sei que tu és também o meu findar, pois quando a senhorita me ter como seu amo, coisa boa não dará! Nós somos espíritos deveras intensos para um lenga-lenga romântico. Nossa coesão se dará pela chama, pela chama e pelas mútuas conveniências.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Em terra de cego, quem tem um olho é rei - O MST e seus adversários



Sou fã incondicional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Só pelo fato de Noam Chomsky, no Fórum Social Mundial, ter alcunhado o movimento como "o maior movimento social do mundo", minha posição seria fácilmente explicável. O que não é fácil de se entender é o macartismo da imprensa brasileira e dos seus formandos em reacionarismo político, os brasileiros. Esses, não conseguem encontrar a relação óbvia de orgulho nacional e bons serviços prestados à nação brasileira pelo MST. Sim, algum provável alvo da minha ironia inicial deve ter rido da última afirmação, pois "eficiência" faz parte do seu dicionário sacro. Faz parte, porque eficiência quer dizer que o caótico trânsito de SP não pode ser parado por causa de uns baderneiros com bandeiras vermelhas, que bradam palavras de (des)ordem e esperança.

A esperança para uns é o pesadelo de outros. O que é Reforma Agrária para as famílias campesinas que lutam por alguns alqueires de terras, pode ser um atentado à moral e os bons costumes. Moral, leia-se: propriedade privada. Propriedade essa que na letra da constituição, se faltar com a sua função social, deve ser expropriada, extinguida, posta à ruina. Por que então sentir empatia pelos pés de laranja de uma empresa que sequer abastece-nos com um litro de suco? Por que sentir empatia por mudas e sementes transgênicas que ferem a lei ambiental e até a livre concorrência que os liberais dizem ser tão importante? Eu não sinto empatia por pés de laranja. Eu sinto empatia por estômagos que estão acostumados a roncar de fome e ouvidos acostumados a escutar que sua luta é equivocada. Isso é ou não é um bom serviço prestado ao povo brasileiro? Estou cansado de ver ambientalistas e defensores das matas e dos animais a chorar quando veem o sofrimento de seus rebentos. Mas quem vai até o cerne da violência, do bandido que suja os rios e destroi as matas, é o Movimento dos Sem Terra. São os tais "vagabundos". "Aqueles que não querem aprender a pescar, querem apenas comer o peixe pescado." Mentira! Vagabundos somos nós que ficamos enfurnados e desnorteados na conjuntura social que o capital nos impõe. Que ficamos temerosos se a chuva vai ou não atrapalhar o nosso final de semana na Fazenda dos Prazeres, do prefeito da nossa cidadela, mais vistosa como ambulatório e confinamento de lavradores de cana de açucar. Sou eu, é você.
Até quando aqueles que estão à frente do nosso tempo, que procuram alterar o que se chama economia de mercado e transformá-la em economia solidária, transformar o latifundiário em milhares de assentados, vão sofrer com a nossa burrice, a nossa falta de cidadania e também de [nossa falta de] inteligência? Os atores sociais do nosso tempo, muitas vezes, nem sabem escrever. Tampouco foram na escola. Tampouco já chegaram perto de um computador. E mesmo assim, são eles quem lutam pelo progresso e pelo desenvolvimentismo, não só do "Estado Democrático de Direito", mas da condição humana de se indignar.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Logout

Quero cancelar a conta. E não é do MasterCard. Outro problema, mas não tão urgente. Quero cancelar a mim. Quero cancelar o que eu criei de mim. Quero reordenar o existencialismo de Sarte que tanto me seduzia. Quero o fim do meu avatar. Quero o fim da minha alma digital, o meu holograma. Aquele quem eu pareço ser, não é de fato uma representação fidedigna. Os tubos de elétrons não mostram minhas falhas de caráter. Eu quero ser imperfeito. E real. Mesmo que esse real não seja algo palpável para boa parte da humanidade. A ditadura iniciou-se há algum tempo e nunca fora abalada. A aura de inovação e de alegria inebria-nos. Cala-nos. Diminui-nos. Quero minha indepedência. Dá-me o logout.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A sociologia do ser


Como nascem as mais diversas ideologias políticas? Errado. Digo: como é o florescer ideológico dentro das pessoas? Direita, esquerda, centro, extrema-esquerda, extrema-direita. A classificação espectro-política é apenas uma insinuação. É a sensualidade de uma mulher fatal, à beira da cama, a espreitar-se pelo prazer. As constantes análises, discussões e apontamentos, a luta entre os pólos políticos é o entrelaçar de pernas. O assassinato de outrem diferente de si é o clímax.
A descoberta do ser político é magnânima. Magnânima, pois não sei o que é isto, de fato. A perfeita analogia ao desabrochar humano quando o próprio se vê envolto à ideologia, às referências morais, à arte de se bem relacionar. Que, aliás, não há mais tresloucada definição sobre. O exercício pleno da política não prevê pragmatismo. É o defeito genético. Por isso, enumeradas vezes me pergunto sobre o que me dá o direito de refletir o mundo, “solucioná-lo”, e querer vê-lo materializado? Há uma justificativa para a minha imposição, que dentro das verdades absolutas deste mundo, figura entre as mais requisitadas pelo ato de cuspir palavras bonitas fora da boca. É a tal igualdade. Fala-se nela. Justifica-se.
Entretanto, como se floresce a legitimação do mal, das diferenças, da segregação, da exploração do homem pelo homem?

(...)

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O fim.


Não creio mais nessa fábula. A raposa petista não rondará mais os ovos da minha consciência política frágil e sonhadora. A reunião entre a candidata do PT, Dilma Rousseff, com 51 entidades evangélicas, por objetivo de assegurar o apoio desse setor da sociedade civil é um tapa na cara do militante do Partido dos Trabalhadores. E, apaixonados pela idéia de igualdade e progressismo, nós não temos o espírito altruísta e cristão que a Bíblia recomenda e tão logo muitos de nós abandonaremos, como milhares antes fizeram, a comunhão de idéias que um dia norteou milhões de pessoas na década de 80. O Partido dos Trabalhadores ora ensaia a energia revitalizadora daquela década, ora mostra a nova face que o caracteriza, e a novidade não é agradável, muito pelo contrário.
O abandono da defesa da legalização do aborto e da união civil homossexual assinada pela candidata do PT marca o definitivo rompimento com a massa que o acompanha. O pragmatismo político, a sustentabilidade, a governabilidade, a liberdade, a identidade, a liberdade... segue esta exata linha decrescente. O período anterior começou pela esquerda; mas os ditames do sistema o farão morrer à direita. E não há remédio. Pois, o poder corrompe.

domingo, 10 de outubro de 2010

Ciclo vicioso



A manutenção das relações de poderes na sociedade brasileira e poderia dizer até global, dá-se por ciclos. Viciosos. Comportamento osmótico das parcelas sociais mais abastadas, sobretudo intelectualmente, condicionam a forma de pensar das classes desfavorecidas. Em outro artigo, "Messianismo Político", publicado neste mesmo blog, disserta sobre a esperança política brasileira de que um ser fantástico nos salvará. E quase sempre esse ser é a mimese do que os brasileiros querem ser: a nova elite. Essa esperança é maquiagem produzida pelos atuais ricos. Mas é somente flagelo para o pobre.
A "make" política é amplamente desfavorável ao Brasil. A crítica generalizada da descrença política é fajuta e errática. Ela induz ao conservadorismo, ao pensamento individual e incorpora traços finos ao eleger seus rivais. Esses rivais somos nós mesmos, o Brasil.
Para falar em cima de fatos, é notório que eu diga que há um ambiente que frequento em que a participação política e até partidária está em alta. Há adesivos de determinado candidato colado em todas as partes. Inclusive na privada, o lugar mais apropriado ao dito cujo. Mas o problema é outro e mais grave: há um retrocesso ideológico na juventude brasileira. Nossos jovens já não sonham mais com democracia. Eles a têm. Nossos jovens não sonham mais com liberdade de expressão. Eles a têm. Mas tudo isso não significou um avanço humano/crítico em relação ao país. E por quê? Pois o tal ciclo vicioso está instalado nesta distinta parcela do Brasil. O mais importante segmento social do Brasil, que será a classe pensante no futuro. As rédeas da nação. Que na verdade trocou de lugar e hoje está mais pro animal do tracionado... E tudo porque faz concessões! Concede-se a igualdade e as soluções para o Brasil em troca de dinheiro, de tecnologia defasada, de manutenção elitista. Não há mais aspiração coletiva. Há a materialização do ventríloquo juvenil.
Os ventríloquos vão crescer e poderão adquirir ou não uma boa qualidade de vida. Coisa supérflua, já que a rejeição ao pensamento crítico não afeta "raça", classe social ou região territorial. E mais adiante, é natural que essa grande massa de gente feliz, bem sucedida e do bem, queira se reproduzir. E assim acontecerá. Novos ventríloquos continuaram a ser moldados no seio familiar, com raras chances de criar-se ali um subversivo, alguém que renegará a herança maldita de perpetuação daqueles que nutrem admiração pelos mantenedores do poder. Nosso país está ilhado. E nas teclas desse escrevinhador, lá no fundo, existe uma incoerência, só que mais ajustada: também desejo nós salvemos o Brasil do colonialismo mental.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Eleger Dilma Rousseff é abrasileirar-se


Eleger Dilma Rousseff à Presidência da República Federativa do Brasil é uma questão de cidadania e amor nacional. Na atual conjuntura política do Brasil, no embalo do progresso econômico e social, é inadmissível que um país aspirante à líder global retroceda e dê as rédeas da nação a uma turma inoperante, retrógrada e que não governa para o povo. Falo do PSDB e das forças do espectro mais conservador do Brasil, figurões que possuem moradas nas mais sujas artimanhas e golpismos políticos, que não meçam nada para atingir seu objetivo, como recomendou Maquiavel.
Não tenhamos medo do progresso e da força do povo. A candidatura do Partido dos Trabalhadores é o maior exemplo de superação política do Brasil nestes tempos, é o maior baluarte sim das forças democráticas do Brasil. Fundando em 1980, o PT congregou uma das mais heterogêneas militâncias do país, fincado na ação sindical e guiado por intelectuais de toda esquerda democrática. Esse grupo merece ser lembrado por todos os petistas e simpatizantes do nosso partido. O sociólogo Florestan Fernandes, professor da USP e um dos mais respeitados estudiosos marxistas do Brasil, o crítico literário Antônio Candido e o também fantástico Sergio Buarque de Hollanda, historiador e pai do grande compositor e intérprete brasileiro Chico Buarque. Á eles foram dadas as primeiras fichas de filiação partidária do que viria a ser o atual Partido dos Trabalhadores.
Um dos fundadores aqui citados proferiu uma frase substancial e importantíssima para que se pudesse analisar o atual momento político do Brasil. Sérgio B. Hollanda disse em Homem Cordial: “O Estado, porém, não é uma gradação da família e, sim, uma descontinuidade e oposição a ela. O Estado, para formar-se como tal, precisa superar a ordem doméstica e familiar, trocar a relação emocional pela racional em favor de um distanciamento do particular para o geral.” SBH, se vivo estivesse, relaxaria em sua varanda consciente de que teria sido um visionário. E como tal, convoca o brasileiro a preferir uma relação racional no processo político que se avizinha entre Dilma e Serra. Um distanciamento dos interesses pessoais em favor do coletivo, uma demonstração efetiva de amor pela nação e de uma consciência política progressista. Votar 13 no dia 31 próximo é abrasileirar-se.
Ainda dissertando sobre a contribuição do historiador, perceba que a candidatura tucana quer tudo, menos o que se espera de um eleitor consciente. É público e notório a boataria infindável que se criou em torno da figura pública da candidata do PT. Contra ela, criou-se uma bolha especulativa e sórdida, que inventa todos os dias um boato novo, uma bala de prata nova, uma mentira característica de um partido em via de decadência. Dizem que Dilma é abortista, favorável à união civil homossexual, terrorista, assaltante de banco, e milhões de outras coisas. Milhões de outras coisas falsas. Mentiras. Calúnias. Difamações. E mesmo que assim não fosse, vivemos em pleno regime democrático em que toda e qualquer discussão política, econômica e social, deve estar inserida e fincada nos mais sagrados valores da liberdade de expressão e de opinião. Mas não é isso que vem acontecendo por parte da candidatura oposicionista. Contra nós, pode-se tudo. Afinal, o Partido dos Trabalhadores é uma legenda de esquerda, defensora da autodeterminação dos povos e da igualdade. Não é interessante para a burguesia, para os setores conservadores e alienatários, para quem não comunga do desejo de igualdade entre os povos, que Dilma Rousseff seja eleita. Eles preferem o candidato do capital. O candidato que representa o setor que o político Cláudio Lembo classificou como uma “burguesia muita má, uma minoria branca muito perversa.”
Ademais, é necessário que seja dito aos quatro ventos todas as benesses provenientes do melhor governo da República Federativa do Brasil. Luis Inácio da Silva, o Lula, é “O cara!” [Obama]. Nordestino, mestiço, de origem paupérrima, líder sindical, com pouca escolaridade. Coube a este senhor colocar o Brasil no mapa do mundo. O Jornal LeMonde Diplomatique elegeu Lula o personagem do ano no mundo. Nosso presidente também recebeu o prêmio da FAO, organização de combate à fome pertence a ONU, por ser o maior combatente da mesma no mundo. Além destes, Lula também recebeu o prêmio do Fórum Econômico de Davos, sendo condecorado como Estadista Global. Ou seja, esse nordestino que tanto castiga a ignorância alheia dos nostálgicos de uma época em que o Brasil era apenas mais uma republiqueta do eixo sul do planeta Terra, é o maior presidente que já pisou no Palácio do Planalto. Com 80% de aprovação, apenas 4% dos brasileiros rejeitam Lula. Ele é um fenômeno.
Fenomenal são também a economia brasileira e os avanços sociais. A primeira vai muito bem obrigada. A expectativa é de um crescimento de 7% em 2010 para o PIB brasileiro (A União Européia cresce a 1%). O país também registra o menor índice de desemprego de sua história, uma taxa de pouco mais de 8%. O Brasil criou 14 milhões de empregos. Lula prometeu apenas 10 milhões. A renda média do Brasil subiu para trezentos dólares mês. Já o setor social, a menina dos olhos do presidente, é realmente o maior expoente do governo petista. Nada mais nada menos que 36 milhões de brasileiros ascenderam à classe média. Sendo 28 milhões que saíram da condição de extrema pobreza. Da nova classe média, um novo paradigma está traçado: 50% do consumo no mercado interno é sustentado pela atual classe C. Ainda há o programa “Minha Casa, Minha Vida” que é responsável por um orçamento de 35,8 bilhões em crédito para aquisição da casa própria para os brasileiros. São parcelas de R$ 50,00 por dez anos. 94% das obras estão em andamento. E por fim, “o Luz Para Todos”, outro programa estatal que levou luz elétrica para milhões de pessoas que vivem na zona rural. Logo, os maiores dos imparciais não teria a audácia de discordar que não houve na terra “Brasilis” algo parecido.
Os números, a visibilidade internacional, o prestígio, a liderança regional, o estado indutor da economia, o respeito aos movimentos sociais, aos brasileiros, sobretudo. Essa é a marca do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e será o de Dilma. É necessário que todos os brasileiros conscientes das vitórias e das conquistas conseguidas nesses últimos anos elejam a sucessora de Lula. Aquela que irá dar seguimento no projeto de nação que todo o povo brasileiro merece. Portanto, Viva o PT! Viva Dilma! Viva o Brasil!

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Adrenalina


Acabara de sair de mais uma aula para aquisição da permissão para dirigir automóveis. Logo ao lado da escola de direção, havia um buraco que dava saída aos gritos de uma torcida feminina. O buraco era a porta de uma quadra poliesportiva. Sendo assim, o Homem que é Homem do Veríssimo que há em mim, em todos nós, despertou. Fui até o local, vi pernas bonitas, gritinhos juvenis e uma disputa de voleibol. Voleibol masculino para ser preciso.
O jogo satisfazia as condições de disputa colegial. A torcida, as duas dúziasde garotas das respectivas escolas em disputa, eram uníssonas. As palmas de vinte e quatro mãos se comprimiam umas às outras e acompanhavam a nada criativa performance vocal: “(pá-pá-pá!) Idalina! Idalina! Idalina!”. Idalina era o nome de uma escola. A torcida outra, fazia o mesmo, apenas substituindo o nome daquela agremiação a ser gritada e neste caso gritava-se “Ephigênia! Epphigênia! (pá-pá-pá!)”.
Foi quando a adrenalina e os meus olhos entraram em sintonia. Mais cedo ainda que às 11 horas que o meu relógio de pulso marcava momentaneamente, eu vi a seleção brasileira feminina de vôlei perder um jogo para a seleção japonesa no campeonato internacional. O vôlei não havia pedido licença ao meu dia. Entrou de supetão com a derrota das belíssimas brasileiras. O que de interessante poderia haver então num ‘’jogazeco’’ de colegial em pleno alçar da minha fome pontual? Pois havia. Era a tal adrenalina que nomeia esta tentativa de crônica que escrevo. Ela, A safadinha (adrenalina), possui formas nada comuns, mas muito atraentes. Ela poderia ser também o que a minha vovó chamava de encosto, pois tomou de assalto o extinto mais sereno que havia ali naquela quadra. A cada ponto disputado, principalmente ganho, os times e os guris se alternavam entre sorrisos, urros, dancinhas à Michael Jackson – e pasmên - até beijos e abraços que garotos dessa idade não executam por receio de que algum cronista sem nada o que fazer poderia taxar como gesto de veado no bom brasileirês. Era lindo de se ver, visse! Eu tinha que participar também. E meu peito escolhera a torcida pela Ephigênia. Ah! Ephigênia! Era a escola que eu havia estudado nos idos do ano passado. E o time, era comando por uma ilustríssima ‘’raposa’’ do saber humano, uma professora querida, a qual me ensinara conceitos técnicos de esporte que não aprendi. Ela é mestra doutoranda do bem. É Honoris Causa da Universidade do Nosso Sinhozinho Deus. E como não podia ser, usava seu conhecimento psico-agregador para conduzir o time masculino de vôlei do Ephigênia à vitória. Mas como nem tudo são rosas, ali também estava a Idalina. E como a sabedoria é popular, se disputa esportiva é quente, imagina com nomes de mulheres? Eu é que não sou besta de queimar minha barra com nenhuma.
O jogo não estava disputado. A Idalina venceu fácil o primeiro set. Os moleques eram ágeis, mais altos e mais fortes, mais preparados. Eram um tanto soberbos, mas merecedores da façanha. A sua treinadora fazia a linha dura. Conhecia-a. Só pensava em vencer. Só. E vencia a partida. Mas, isso não vem ao caso quando se começa a relatar o início do segundo set. Pois o pior jogador do Ephigênia, o Léo, estava em quadra. Não sabia recepcionar uma bela loira que lhe dava mole, imagina uma bola sacada à força total? Esquece. Eu não dava nada por ele. Pra mim, era a assinar a derrota com papel timbrado em cartório do Polvo Paul da Copa Del Mundo. Porém, foi quando a adrenalina entrou em jogo sorrateiramente, literalmente inclusive, e Léo fez um pontaço maravilhoso à Giba. Nem a treinadora-psicóloga-humanista acreditava nisso. O time do Ephigênia muito menos. Ao ver aquela belezura de ponto, as expressões foram sentindo as inquietações da Safadinha. Em poucos segundos os jogadores, principalmente o Léo, estavam embriagados pela ela. Fora pontos e mais pontos. Urros, gestos, pulos e abraços eram distribuídos entre os companheiros de time. A treinadora ria e fazia transparecer em sua face amiga a felicidade. A torcida batia palma em ritmo variável, mas coordenado. Parecia torcida organizada do Corinthians. Era tudo lindo. E o empate se deseenhou no placar.
Ademais, ainda há uma constação psico-social a fazer sobre isso tudo. Nos times havia líderes, craques, melhores jogadores. Mas nenhum deles eram os mais exaltados. Dentre os embriagados pela Safadinha, o seu cambalear tinha pouca graça aos olhos do espectador em comparação a um jogador como o Léo, por exemplo. Léo parecia ter rompido o hímen da Angelina Jolie. Não precisava explicar o grau de felicidade. Era lindo de se ver. E bom de invejar. Era incrivelmente engraçado vê-los brilhar, uma vez sequer, numa cidade qualquer, observados por um cronista qualquer, num jogo qualquer, entregando-se à adrenalina de corpo e alma.
Naquele momento, eu senti uma vontade estranha de me afastar. De ir embora sem olhar pra trás. Era estranho, mas era uma sensação imperativa. Como se a bela morena me esperasse à mesa com um vinho do porto num longínquo lugar longe dali. Eu precisava ir embora. E fui. A adrenalina perdeu o efeito sobre mim. No lugar dela, havia algo análogo à sensação de uma noite bem dormida, quando você quer ficar um minuto que seja a mais na cama para que num passe de mágica pudesse guardar aquele conforto pra si. Era assim que me sentia. Segui a miragem da morena, fui-me embora. Não esperei o final do jogo.

sábado, 14 de agosto de 2010

A contra politização da juventude


A contra politização da juventude

Os jovens e a política sempre foram aspectos indissociáveis da sociedade. Os recém saídos das fraldas como gosta de frisar minha mamãe, vão "formando" sua consciência política desde cedo e quando sentem-se seguros pra opinar e se fazer presentes para sociedade, começam a debater a política. E se vagar nesse mundo contraditório, hábil e perspicaz é difícil até para "macacos velhos", quiçá para adoslescentes em plena efervescência identitária.
Retomando a lógica das aspas colocadas no verbo formando, é necessário que eu explicite minha visão de como as conclusões políticas surgem.
Primeiramente, elas começam no local natural, no lar de cada pessoa. O ponto inicial é a educação recebida dos pais, que olhando de forma generalizada, apregoam valores muito semelhantes, com raras atitudes mais liberais tão quanto mais conservadoras. Especificando, as crianças brasileiras nascem em lares cristãos, geralmente católicos. A ética religiosa é sempre a mesma. Os dogmas de conduta social são os mesmos. Até o pãozinho de leite entregue nas missas antes da eucaristia é sempre igual. Porém, sempre era muito bom comê-lo.
É a vez da escola. As crianças são introduzidas num sistema educacional padrão, antigo e arcaico, que do meu ponto de vista atual, atua como modelador de identidades. É a fase intermediária da padronização que todos estão submetidos pela cultura brasileira. Lembro-me bem: eu era do tipo ordinário quando pequeno. Apesar de ter a pentelhação de um menino nada tímido, desde cedo submetia-me facilmente às imposições do sistema educacional. Aos 5 anos, se a professora pedisse que desenhássemos um carrinho azul, eu o desenhava. Mas sempre havia algum "burrinho", que no pensamento positivista que já havia se introjetado em mim, recusava-se a pintar o distinto carrinho de azul. A professora, ora calma ora ríspida, dizia para o "revolucionáriozinho" pintá-lo da cor pedida para que ele não fosse o mentecápito. O mini "Che Guevara" tinha que obedecer. Dentro da sala de aula, na boca de uma professora de primário, dentro daquele sistema educacional ordinário e padronizador, a palavra ordem consistia em algo irrefutável por dois motivos: por óbviamente não haver uma criança que pudesse aos 5 anos entender toda aquela conjuntura existente, mas também o motivo de que aquelas situações normativas poderiam vir a ser uma ponto fulcral na formação de mentes iguais. Logo adiante, chega a vez daquela que denomino primeira mudança radical do sistema educacional, que é a entrada à escola fundamental. Aliás, termo muito inapropriado essa "mudança radical", pois isso só acontece de fato na ansiedade íntima que a criança tinha. Afinal, o novo-velho sistema padronizador continua ali. E agora possui traços mais fortes e mais complexos. Agora existe horário de aula. Não há mais aquela brincadeira cotidiana no parquinho com os amiguinhos. A mensagem da coordenadora da nova-velha escola é clara: "Crianças, vocês já são mocinhos. Sejam bem-vindos!". Estufados de orgulho da tal mocidade, até aquele revolucionáriozinho do carrinho azul já não existe mais. O sistema é claro e a dúvida é passível de punição, até o nono ano. Novamente, é época de nova decepção/mudança. A entrada no ensino médio vem ser a fase derradeira da homogeinização das pessoas. É o retoque final da alienação que cabe à educação vigente no Brasil. Aqueles próximos três anos, configuram duas saídas: o (des)preparo para universidade ou para o mercado de trabalho. Não há tempo pra retóricas atrasadas e desvirtuantes do "processo natural das coisas", dizem os professores. O movimento estudantil é só algo simbólico. As matérias de estímulo ao senso crítico continuam à margem do curriculum escolar. Já estão todos convertidos em fiéis seguidores da (des)ordem e do (regresso?) progresso. Está findada em pinceladas breves a instituição escola na Terra Brasilis.
Paralelamente a tudo isso, a mídia possui grande responsabilidade na contra politização da juventude. Apesar de toda a aparente convocação à liberdade de expressão, de participação popular e financeira a que os jovens são estimulados, há intenções muitas vezes obscuras que precisam ser "reveladas". A mais simples das intenções, óbviamente é ser o alento ao jovem convertido ao sistema. Ela [a mídia] não precisa mais fazer o trabalho de base na cabeça das pessoas. O senso comum construído varagosamente por tantos anos de conteúdo homogêneo na escola, nos lares e no próprio ciclo vicioso que a cultura brasileira está inserida, já são o alicerce para manipulação. À mídia e ao estabilishment basta colher os frutos. Basta provar em discursos de analistas políticos de meia pataca que a sua inflexibilidade quanto à mobilidade social, à empatia com o próximo e a total devoção de que o mundo é assim, sempre foi assim e que o correto é se manter como tal é o próximo passo. É quando jabores da vida surgem como modelo de inteliggentzia a ser seguido. É quando o jovem tem a certeza de que a cultura brasileira, muito rica, mas de aspectos históricos horrendos e ainda muito presentes no inconsciente social das pessoas manifesta-se. Como disse Che: "ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética". Nas devidas proporções, o hermanito socialista estava correto. Onde estão alocados os restos de um posicionamento mais liberal e mais visionário que o jovem deveria ter? Afinal, esse posicionamento é a máquina impulsionadora do progresso humano. Quando procuro nesta juventude atual esses traços que considero importantes, não o faço com obrigação de achar nesse meio um Emiliano Zapata, mas que pelo menos haja pessoas que se prestam ao benefício da dúvida. Mas nem isso os jovens hoje se dão ao direito. E isso é passível de prova. Faço o convite a qualquer leitor deste texto que saia a fazer uma mini pesquisa em seu local de estudo sobre questões tratadas como polêmicas, como os movimentos sociais, por exemplo. Perguntem aos jovens as suas opniões sobre a reforma agrária. Com certeza absoluta, afirmo que haverá uma resposta vencedora que acometerá mais de 70% dos entrevistados. E inclusive, chego a dizer que esses mais de 70% são totalmente contrários a uma democratização da terra. Tudo bem, a democracia privilegia a opinião da maioria. Mas refletindo sobre tudo aqui mencionado, será que existe uma linha muito tênue que separa a opinião da maioria da juventude brasileira com as verdades absolutas que toda essa conjuntura social prega? Pois há. E essa quase inseparabilidade dificulta a apropriação do macro conhecimento político que um jovem deve ter. Afinal, qual é o papel do jovem brasileiro hoje senão cooptar as mesmas convicções políticas que um homem-de-bem do séc XVII!?
Portanto, é extremamente benéfico aos jovens que procurem meios alternativos de informação e de construção identitária. As verdades absolutas só nos afastam do conhecimento de culturas mil, de percepção do mundo e principalmente do nosso auto-conhecimento. Afinal, é muito mais agradável aos olhos um salão com carrinhos azuis, vermelhos, verdes, amarelos, pretos, brancos...

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Bloco de notas feminino


Admiro a tendência feminina à guerra. Sexo frágil fui eu, sou eu, toda vez que encontro uma filósofa beavoiriana com detalhes sinuosos de beleza latina. Torno-me um dependente químico em poucos segundos. Químico era o natural, físico era o desejável. Para que o público feminino não se assuste, lembro que o simples encantamento dura até meses em um homem normal.
O grande problema deste embasbacamento químico é quando ele se transmuta, grita ferozmente dentro do peito para que o boêmio e malandro carioca do meu interior se sobreponha sobre o ranço sisudo de um paulista convicto. Mas geralmente o boêmio se envaidece de uísque vagabundo e se põe a hibernar. Seu sono é muito profundo, naturalmente, mas há nele algo muito peculiar. Ele balbucia palavras desconexas e estrangeiradas para um português culto a que me proponho a falar quando estou em dependência química por alguém. Essas palavras não possuem matriz latina com certeza. Muita menos anglo-saxônica. Nem sequer oriental. Elas alternam-se no tom, acompanhando a respiração moribunda e desregulada de um carioca bêbado dentro de mim. Qualquer homem normal gostaria de saber o porquê de se eu - lírico ser tão negativo, inútil. Eu estava em maus lençóis.
Que não seja por isso. A classe médica garante que o primeiro passo para livrar-se da dependência é assumir o erro. Pois que seja assim. Assumo meu erro. Tratem-me já!
Traduzindo o tom imperativo às luzes do conhecimento humano, esse ser desesperado só queria dizer ao mundo que precisava de ajuda. E que desejava ser objeto de um milagre. Gostaria de ter aquela filósofa beavoiriana com detalhes sinuosos de beleza latina pra chamar de amor. E pra que não passe despercebido aos leitores mais críticos: tempos verbais e demais detalhes lingüísticos não são prioridades de um dependente químico. E finalmente, um eu lírico bêbado de linguagem boçal só poderia estar me alertando que eu estava apaixonado. Mas também, quem é que vai entender o dialeto do amor...

terça-feira, 29 de junho de 2010

"O menos ruim" x "Messianismo político"

A complexidade da identidade nacional. A mentalidade escravocrata alida à de escravo. O preconceito de classe onde não deveria existir. Os analfabetismos: o político, o educacional e por que não o humano? Toda essa conjuntura compõe a sociedade brasileira e cria o embate que dá nome a este "artigo".

Contextualizando e dando contornos mais reais, podemos citar as frases, os pensamentos falados, escritos, balbuciados, da população brasileira em época de eleição, por exemplo. As conversas, os debates, acontecem em todos os lugares. Já presenciei-os no ônibus escolar, em reunião familiar, no comércio, na internet, em todo lugar. Isso é um bom sinal, é a tão sonhada politização brasileira. Ou melhor, politização à brasileira, pois é constante a ausência de profundidade nessas discussões. Há muita polarização. E uma polarização retrógrada, baseada nas informações que a mídia televisiva veicula, e convenhamos, não são fontes confiáveis. Mas apesar de tudo, não deixam de ser interessantes, ainda mais as falas, como essas:

- Todos os políticos na disputa presidencial são ruins, péssimos. (I)
- Não apenas os que estão disputando, mas todos, sem exceção, são péssimos. Corruptos. (II)
- Votarei em "A", o menos ruim! (I)
- Pois é. Eu vou anular o voto. (II)

Essa conversa simulada, baseada em opiniões reais, são constantemente expressadas em qualquer lugar e exemplificam o embate entre o cidadão que opta pelo candidato "menos ruim" e por aquele que se ausenta da ação democrática de votar em razão da ausência do "Messias político".

Quando o brasileiro é obrigado a optar pelo presidenciável menos ruim, e mais, quando sua interpretação é de que não há bons candidatos, é possível entender como os acontecimentos históricos passados estão presentes, ainda. Primeiramente, podemos lembrar a Escravidão como co-formadora desta mentalidade. Co-formadora, pois sabemos que sempre houve quem lutasse contra ela [a escravidão], de forma rebelde, mas também criara setores submissos. E sua longa duração, somada à abolição oficialmente assinada com a pena do principado brasileiro, é só mais uma "reforma" elitista. Antes desse acontecimento, aconteceu a Independência do Brasil. Independência? Talvez. Nossos vizinhos latino-americanos ostentam seus próceres da revolução. Mas e o do Brasil, quem foi? Não houve.
Aprofundando ainda mais, lembramos das Câmaras Muncipais onde só os "homens bons" concorriam às eleições pra administrar determinada região. Podemos citar o golpe da maioridade, a República café-com-leite, alternando os presidentes entre ora mineiros, ora paulistas. E há o acontecimento mais trágico e também o mais recente: a ditadura militar. O golpe impediu o desenvolvimento da democracia brasileira. Ao invés de eleições populares, o país era governados por tiranos torturadores e assassinos. Todos esses fatos contribuiram pra nossa passividade. Ou seja, no Brasil, o povo sempre esteve ausente da política. Sendo sempre obrigado a aceitar o político, o sistema econômico, "o menos ruim". Lembrando que esse "menos ruim", nunca foi estipulado pelo povo.

Já o brasileiro que anseia pelo "Messias político", existe outra possível causa para este ideário político. A religião como participante ativa da vida política brasileira desde que aqui chegou, influencia-nos. Lembremos da Companhias de Jesus, em que surgiu a aculturação índigena, travestida de "proteção espíritual". Baseados nessa equivocada premissa, índios eram ensinados que suas divindades nada mais eram do que representações demoníacas. Inclusive, fazia-se até teatros em que o assunto sempre fosse "O Bem x Mal". E não preciso dizer quem era o "mal" dessa história. Mais adiante, lembramos também dos belos sermões de Pe. Antônio Vieira. Exímio orador, ele fazia de suas celebrações algo mais do que uma adoração divina. Sua igreja era um palco social, onde se formavam filas enormes para ouvi-lo. E as posições de Vieira, também lhe custaram até investigações sobre o Tribunal do Santo Ofício. E além tudo isso, o Pe. ainda era adepto do Sebastianismo. Ele acreditava na criação do V Império do Mundo, que seria regido por Portugal.
Mais adiante ainda, podemos lembrar de várias revoltas nativistas ocorridas no Brasil sob liderança de religiosos. Podemos citar Frei Caneca, que foi líder da Revolução Pernambucana e da criação da Confederação do Equador. Além dele, na Revolta de Canudos o líder era Antonio Conselheiro. Na Revolta do Contestado, os monges de SC e do PR defendiam a volta do Império. Entre outros, esses são exemplos claros da criação e desenvolvimento do Messianismo político no Brasil e que ainda hoje está de forma direta ou indireta no insconsciente de muitos brasileiros. Óbviamente, essas marcas ainda não encontram vestígios tão ortodoxos como antes, mas quando retomamos o tema central deste artigo, percebemos que a população brasileira ainda sente falta de um unificador/libertador. E só dá chance a ele. Mesmo que ele ainda não tenha aparecido.

Sendo assim, é possível resgatar as possíveis origens de determinados pensamentos políticos atuantes atualmente. O que nos permite excluir tais posturas da política à brasileira para sempre. A subserviência civil, desenvolvida por diversos acontecimentos sociais brasileiros já mencionados, dificulta a emancipação.

Por conseguinte, o Messianismo Político age por chavear as algemas da esperança. Trazemos da religião, da religiosidade, essa ideia de salvador de todos os problemas, e isso faz com que tudo relacionemos como algo pequeno, destino incerto, impossível de ser restaurado sem que seja pela mão do escolhido. Isso talvez nunca aconteça. Portanto, por que não buscamos mudar pelo bem de nós mesmos? Fazer do Brasil um país melhor pelas nossas próprias mãos? A política nunca foi isenta de culpa. Mas ela é a saída vigente pra atenuação dos problemas. Acreditemos nela.

Afinal, o pessimismo é um artifício que só percebemos ser ruim quando ele já se tornou um inimigo poderoso dentre de nós.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Saramago e o meu pesar


É sabido de todos que José Saramago, único vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em língua portuguesa está morto. Perdoem-me pela contundência e pela indignação automática que um grande admirador da literatura e das mais belas qualidades humanas sentiria ao ler que José já não publicará mais textos. Felizmente isso não é problema. José Samarago faz parte da vida de muita gente, da minha e do mundo, se é que este [mundo] tão criticado pelo gajo, ainda nutra aspectos que lhe possa ser dada a alcunha de morada humana.
Contrariando a linha informativa/cansativa, quero deixar o meu adeus a este homem que fizera de mim, através de seu irreverente modo de escrever, uma pessoa melhor. Saramago foi para mim um dos primeiros admiráveis na minha conscientização política-social. Saber que suas pretensas ideias sobre liberdade, organização social, e amor pela humanidade, pela igualdade, encontram guarida nas linhas dele, é um elogio formidável à qualquer ser que ousa pensar diferente neste mundo belicista.
Por isso despeço-me em poucas e grossas linhas, deixando nítida minha admiração por uma das mentes - as que ousam ainda resistir - mais brilhantes que "conheci" nestes meus poucos anos de vida.

Obrigado.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Bichos...



Por Marcelo Canellas
Repórter

A equipe estava sem fome, era cedo, bem antes de meio-dia.
Mas tínhamos de almoçar ali mesmo, num restaurante às margens da rodovia q liga São Paulo a Cotia, pq nosso compromisso no Rancho dos Gnomos, onde conheceríamos um santuário de gdes felinos africanos, seria por volta das 13h. O garçom não conteve a curiosidade: "Vcs são do Globo Repórter? E é sobre gente ou sobre bicho?".
Meu primeiro ímpeto foi dizer q "animais abandonados" era o tema do nosso programa. Mas a pergunta do garçom foi como um sopro de lucidez entrando numa frincha da percepção, elucidando o q estava inteiramente oculto. Então respondi, convicto: "É sobre gente, amigo. É sobre a natureza humana".
À medida q fomos filmando pássaros c/ asas amputadas, leões c/ garras arrancadas, chimpanzés c/ presas serradas e todo tipo de seqüelas da violência contra os animais, fui me convencendo de q eu estava certo. Estávamos fazendo uma reportagem sobre o qto as pessoas, podem negar sua própria humanidade. E tb sobre como podem honrá-la ao amar os animais.
No longínquo ano de 1206, em pleno vigor do espírito feudal q punha suseranos e vassalos em esferas incompatíveis de convivência, um certo Francisco de Assis abandonou os castelos q freqüentava, desfez-se de suas posses, despiu-se até mesmo de suas vestes e foi viver entre os pobres. Poeticamente, chamava o sol de irmão e a lua de irmã. E dizia q nada define melhor a condição humana do que a capacidade de amar os bichos. Não é preciso ser religioso ou acreditar em São Francisco de Assis p/ saber, mesmo 801 anos depois, q o q nos torna diferentes, o q nos torna especiais, o q nos torna magnânimos em comparação c/ as outras formas de vida, é a nossa capacidade de amar.
A tolerância, a generosidade, a idéia de q temos um futuro comum neste planeta são princípios universais conquistados pela Humanidade em sua dura luta contra a barbárie. Não gostamos da solidão, não queremos a dor, não toleramos a humilhação. Se somos egoístas, se ferimos e matamos, se submetemos nossos semelhantes ao vexame da miséria e da pobreza, estamos em desacordo c/ o esforço civilizacional da convivência. Civilizado convive, respeita, tolera. Os bárbaros subjugam.
Vimos leões entrevados pelo confinamento, chimpanzés esquizofrênicos e atormentados por anos de espancamento, araras cegas, onças mutiladas e todo tipo de sofrimento e privações. Parece a vitória da barbárie. Não é. Pq vimos tb exemplos de generosidade e dedicação. A grandeza de saber amar e proteger seres vivos q, como nós humanos, tb sentem frio, dor e medo, ajuda a recuperar a humanidade q ainda há em cd um de nós. Basta ver o q o Rancho dos Gnomos fez c/ o leão Will. Abandonado por um circo e tendo vivido a vida inteira trancafiado, Will pôde, aos 13 anos de idade, pisar na terra pela primeira vez. Esfregando as patas na grama, no húmus, na energia mineral da natureza, livre da superfície inócua do chão da jaula, Will nos enche de ternura, nos entope de compaixão e, portanto, nos ajuda a salvar um pouco da humanidade que tínhamos perdido.

Olhei p/ os animais abandonados no abrigo... os renegados da sociedade humana.
Vi em seus olhos amor e esperança, medo e horror, tristeza e a certeza de terem sido traídos. Eu me revoltei e rezei:
- "Deus, isso é horrível! Por que o Senhor não faz nada a respeito?"
E Deus respondeu: -"Eu fiz. Eu criei vc."

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Talvez uma semana...um mês...


Talvez demore uma semana,um mês ou um ano...tanto faz,você sabe que será capaz de recolher os cacos do chão...
Talvez no principio você pense no que fez de errado,vai chegar a conclusão de que eram diferentes demais pra continuarem juntos...vai se culpar por isso, principalmente por saber que não é capaz de mudar por alguém que não seja você mesmo...
Talvez você não chore,mas provavelmente não vai ter muita vontade de sorrir...O mundo vai parecer chato e as pessoas mais chatas ainda...talvez você comece a gostar mais de livros do que de diálogos...talvez você olhe as estrelas e se lembre de coisas que não chegaram a acontecer...
Você vai ter muitas duvidas,mas terá a certeza de que tudo aquilo vai passar,independente do tempo que demore...E um belo dia o Sol estará mais brilhante e você vai sentir vontade de se arriscar de novo...as pessoas voltarão a ser interessantes...
Talvez você se apaixone uma,duas ou trinta vezes durante a vida...provavelmente vai dar com a cara na porta em quase todas elas e quando isso acontecer você vai temer que quando alguém estiver realmente disposto a abrir a porta, você já tenha desistido de entrar...Mas no fundo,bem lá no fundo,você sabe que não irá desistir...sabe que viver sem paixão não faz sentido,ainda que com ela faça menos ainda...

quarta-feira, 17 de março de 2010

Honoris Causa Editora


Já escrevi sobre tanta coisa nesse blog que eu não poderia deixar de falar sobre minha mais nova parceria.

Sobre a existência do projeto de publicar meu livro acho que todos que acompanham o blog tem conhecimento. Mas finalmente, em breve, isso deixará de ser apenas um sonho distante pra ser algo real e concreto.

Isso só será possível graças a Editora Honoris Causa,que alem de lançar títulos conceituados também acredita no talento dos jovens escritores.

Meu livro ainda não tem uma previsão certa de lançamento, mas em um futuro próximo “O garoto dos meus sonhos” estará nas bancas.

No mais, a editora Honoris Causa oferece a compra on-line de livros o que trás comodidade e facilidade, além de preços acessíveis. Segue abaixo o link do site:
http://www.honoriscausaeditora.com.br/

quarta-feira, 10 de março de 2010

O que o meu coração diz?Saudade,saudade...saudade


Hoje eu não sei exatamente o que quero escrever,as palavras parecem fugir ao meu entendimento...
Tenho sentido meu coração tão pequeninho e um vazio grande demais,as lagrimas já não caem....chorei demais.
É difícil entender que às vezes a vida vai por um caminho que ninguém esperava que fosse...o que resta é tentar viver da melhor forma possível,mas isso nem sempre é fácil...
Nada permanece intocável,não tem como voltar no tempo e nem acelerar o relógio pra estar logo onde eu começo a achar que nunca deveria ter saído...
Às vezes a liberdade de sonhar nos aprisiona,nos faz vitimas de nós mesmos...
A gente pensa que sai pra ganhar o mundo, mas tudo que eu precisava agora era daquele abraço...daquele sorriso que sempre me iluminou...A gente pensa que o mundo é o que está lá fora,mas meu mundo é o que deixei pra trás...
Eu me pergunto sobre o que fazer quando aquela pessoa que a gente tem como mais importante duvida do nosso amor....
Parece que eu sou sempre sombra,sempre culpada por atitudes que não são minhas...É nesses dias que me sinto um lixo...é como se eu não tivesse uma historia,não tivesse minha personalidade,meu caráter...Quem eu sou?O reflexo do erro alheio?
Eu já sou imperfeita demais pra ser julgada pelo que não é meu.Tenho defeitos demais,erros demais...não preciso ser criticada pelo que não fiz.
É....talvez seja só isso mesmo...as vezes eu acho que nunca vou ser vista como realmente sou,ou talvez minha visão de mim mesma esteja turva...
Sinto que estou perto demais do descontrole,e isso me dá muito medo.Eu preciso achar um jeito de retroceder,as possíveis medidas desesperadas me assuntam...As vozes da loucura gritam algo nos meus ouvidos que eu não entendo,o receio de um dia entender tem me dominado...
Eu não consigo sentir um pingo de raiva por alguém que não seja eu...Eu e essa minha inutilidade até pra demonstrar amor...inutilidade pra demonstrar a única coisa boa que encontrei em mim...
Minha cabeça gira e eu já nem sei que caminho seguir...Por favor,me estende a mão e me diz pra onde ir?!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Maldita inclusão digital




Confesso que não sou uma das maiores fãs de MSN e derivados,principalmente quando se trata desconhecidos que pegaram meu contato sabe-se lá Deus onde.
Estava eu curtindo o sábado chuvoso na internet quando alguém que irei chamar carinhosamente de CRIATURA puxou conversa no MSN(as partes escritas entre parênteses é a opinião dessa que vos fala) :
Criatura:Oiiii minha linda! (Quando começa chamando de “minha linda” sendo ele um desconhecido subentendesse que ele é um vovô metido a garanhão ou um moleque também metido a garanhão.)
Eu:Oi
Criatura:Tudo bem?(Se não estivesse eu deveria responder que não?)
Eu:Tudo.
Criatura:Tem quantos anos?
Eu:18 e você? (Perguntei pra confirmar se a minha teoria citada no inicio do dialogo estava certa.)
Criatura:15(Pois é,eu estava certa.)
Passaram-se uns dez minutos eu já tinha até fechado a janela da Criatura e me esquecido de sua existência quando:
Criatura:Você não quer falar com migo? (Com migo???)
Eu:Aiai...maldita inclusão digital.
Criatura:Porque?
Eu:Não é com migo,é comigo! (Resolvi ajudar a tal Criatura)
Criatura:Nãããão,eu quero conversar com você!Você que não quer conversar com migo! (Era piada isso,né?)
Eu:Você estuda?
Criatura:Não,parei na sétima série.
Eu:Está explicado então.
Criatura:o que?
Eu:Tchau
Contato bloqueado e excluído.
Preciso dizer mais?
Que me desculpe os que não concordam,mas pra mim essa não é a inclusão da qual tanto ouço falar.

Café amargo...


Acordou passava das dez horas da manhã,o rosto inchado denunciava a ressaca.Era uma segunda feira,deveria estar no trabalho,mas aquele seria um dia diferente.Foi até o cozinha e preparou um café,sem açúcar.Odiava café amargo,mas desejou que amargo fosse ele e não a vida...
Pegou a caneca e sentou-se no sofá da sala,ficou apenas olhando pro nada.O celular começou a tocar,era do trabalho...desligou-o pra correr o risco de atender...
Fazia tempo que ela não se permitia apenas fazer o que queria,vivia cheia de restrições,sempre se impondo limites e podando os próprios sonhos...
Podia ouvir as crianças brincando na rua,sentiu saudades daquele tempo em que ela agia sem se importar com o que os outros iam pensar...”Bem vinda a vida adulta”-Pensou.
Passou tanto tempo planejando o futuro feliz que se esqueceu do presente.A casa dos sonhos agora abriga apenas ela e a solidão,ela e tudo que poderia ter feito pra ser diferente...mas não fez.
Na noite anterior tinha tido um encontro.Ela estava carente demais pra recusar,viu no convite feito pelo idiota sua tabua de salvação...Não conseguiu ficar até o final do jantar,disse que ia ao banheiro e foi embora.Chegou em casa abriu o vinho importado que tinha comprado pra uma ocasião especial e brindou com as paredes.
Havia só ela e o vazio de não ter mais nada...o vazio de não ser mais nada alem do planejado...
Passou sua segunda feira deitada no sofá apenas pensando...Não havia muito o que fazer,amanhã seria outro dia e as contas começariam a chegar...

domingo, 10 de janeiro de 2010

Primeiro amor...



Era tarde de uma quinta feira,duas aulas de plantão de matemática.Ele não tinha nenhum problema nessa matéria,ela menos ainda.Era uma ótima desculpa pra se verem e conversarem...
Aos onze anos dar inicio a um relacionamento afetivo não é uma tarefa lá muito fácil,se é que nessa idade é possível,de fato, ter um relacionamento...
A primeira aula passou rápido...números e olhares.Nessas aulas poucos alunos iam...as duas aulas eram cortadas por um intervalo de dez minutos,após o sinal saíram da sala...ficaram apenas ali,sem graça se olhando e tentando disfarçar a timidez...Os dez minutos passaram rápido,tanto que só perceberam quando o sinal da escola voltou a tocar.Eles tinham combinado de irem a aula pra conversarem,mas as palavras pareciam falhar.Finalmente ele tomou coragem:
-É...eu tava pensando em não ficar na próxima aula...a gente podia dar uma volta,quer dizer se você quiser ou se não...-Foi interrompido pela voz rouca da garota:
-Eu quero!Vai ser ótimo...quer dizer eu acho que vai....-Disse isso e sentiu sua face esquentado.
-Então,vamos?
-Espera,eu vou no banheiro e já volto.
Saiu com as pernas e mãos tremendo,entrou no banheiro lavou o rosto e ficou se olhando no espelho.Estava nervosa,nada poderia sair errado...Demorou cerca de quinze minutos lá dentro,chegou a pensar que não deveria ter aceitado...
Chegou ao portão da escola e viu o garoto sentado na sarjeta fitando o chão.
-Podemos ir?-Disse ela num fio de voz.
-Podemos,claro...
Desceram a rua...a alguns quarteirões dali havia um parque.Durante todo o percurso ficaram calados...não tinham o que dizer e se tinham não sabiam o que era.Avistaram um banco no qual uma grande arvore fazia sombra...no parque apenas algumas poucas crianças brincando...Sentaram-se sem dizer uma palavra,um em cada canto do banco...cabia mais duas pessoas entre eles.
Ela não sabia o que fazer com as mãos,mexia constantemente no cabelo...Ele buscava as palavras pra iniciar um dialogo...
-Então...err...você sabe beijar?-O garoto perguntou e sentiu sua pele ficando rubra.
-Mais ou menos e você?-Disse ela sem jeito.
-Mais ou menos também...você já beijou?
-Não,você já?
-Não também...
O silencio novamente se fez presente.Passados alguns minutos:
-A gente podia tentar...
-Eu acho que já deu o horário do fim da aula,preciso ir embora...se eu atrasar meu pai vai brigar comigo...-Disse isso mais tensa do que antes,era mentira...só queria fugir dali...Seu pai estava viajando,só voltaria dali dois dias...não tinha pressa,mas tinha medo.
-Então,a gente combina um outro dia...-Ele também estava nervoso,apesar de querer o beijo tinha medo de decepcionar a garota que tanto gostava...sabia que tinha que ser especial.
-É a gente combina!-Disse isso tomada pelo alivio,enquanto descia do banco.
-Então é isso...até amanha na escola.
-É... até...
Moravam em direções opostas,deram alguns passos se distanciando um pouco um do outro,quando ele a chamou:
-Ei! – Ela virou-se pra ele- Estamos juntos, né?Sabe,namorando...
-É ,eu acho que sim!-Respondeu ela sorridente.
-Até amanhã então,Namorada!
-Até amanhã,Namorado!
Seguiram seus caminhos mais felizes do que nunca...Ainda não sabiam nada de beijo,mas levavam no coração a certeza de terem encontrado um amor...

Flerte com a solidão


Sou um desses corações solitários...
Às vezes cansado de estar vazio busco companhia
Afasto-me do mundo,transformo vida em ironia.
Um coração que se encanta e canta
Faço uma canção
Batizo com seu nome e esqueço o refrão
Faço-te uma serenata
Digo com minha voz desafinada
Nada com nada
Quero que fique.
Peço pra que vá embora
Sei que já é tarde,mas digo que não é hora.
Ninguém sabe lidar com a loucura de ser assim...
As frases feitas que não me fazem
A luz do que não me ilumina
O silencio que teu grito assassina
Quem sabe um dia eu viro o jogo
Faço as malas e te esqueço
Mudo meu nome e endereço
Engulo o amor e digo que te odeio
Quem sabe um dia eu viro o jogo
Quem sabe um dia essa vontade de estar só me deixe em paz
Adeus solidão,até mais.
Quem sabe um dia,essas palavras vomitadas possam dizer mais.

sábado, 2 de janeiro de 2010

O inferno são os outros





Eu acho essencial usar clichês e às vezes falo palavrão,mas é só quando estou com mais raiva de mim do que com o ocorrido.
Às vezes eu fujo de falar de sentimentos,apesar de os considerar mais primordiais do que pessoas e feitos históricos...
Lido muito mal com criticas,tenho tendência a não gostar das pessoas que acham que podem me definir como sendo isso ou aquilo...me reservo o direito de ser quem eu sou e agir da maneira que melhor me convier,sem nada pré-estabelecido.
Às vezes eu não digo o que me chateia como forma de proteção e por causa disso brigo aparentemente sem motivo...Detesto ser mal interpretada,mas quanto mais explico menos as pessoas entendem. ,meia dúzia de palavras ditas e anos de amizade escoados pelo ralo...Mais chato que isso é pedir desculpas mesmo achando estar certo e ainda, com a consciência de que não será desculpado...
Chegou uma hora em que eu não sabia se valia à pena passar por cima das minhas vontades pra manter um relacionamento que nem existia mais...talvez jogar a lama no ventilador não seja a melhor maneira de resolver as coisas,mas é assim que eu sei fazer...engolir sapos me dá ânsia...
Tem um momento em que não dá mais pra fingir que não...cansei de agir como se não percebesse que quando as coisas vão mal todos pulam do barco e quando tudo está bem todos querem uma vaguinha no trem da prosperidade.
Tem horas que os agitos de outros tempos fazem falta,mas não falta suficiente pra eu querer revive-los e sair da calmaria.
Não gosto de ironias e sarcasmo,mas quase sempre os uso...esqueci de dizer que também me reservo o direito de me contradizer.
Não gosto de telefone,nem de ter vizinhos...acho que ainda não inventaram coisa mais insuportável do que vizinhança,porém quando acaba o fósforo eles me são muito úteis...
Pessoas efusivas e sorrisos demais me irritam...porem, não raro, me divertem.
Tenho muitos defeitos,mas não costumo falar deles...deixo que as pessoas os descubram sozinhas...
Posso dizer que sou egocêntrica a ponto de colocar aqui um texto falando de mim...

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Mais uma chance


Em 2010 o mundo terá mais uma chance de se redimir. Abstenho-me de cair nos clichês da data comemorativa para tratar de assuntos interessantes. Neste ano teremos eleições presidenciais. A candidata da situação x A oposição. Dilma x Serra. Escolha o seu candidato pro segundo turno. É uma pena que esse blog se faz presente no Estado de São Paulo, o estado que cada vez mais me leva para conclusão de que aqui não jaz o estado mais preparado do Brasil e sim o estado mais nefasto e inconsciente do Brasil. Enquanto lia alguns artigos de Chomsky sobre mídia, ele fala do poder que que ela tem sobre as pessoas com mais anos de estudos. Sim, daqueles que se espera mais informação e intelectualidade para conduzir o país ao progresso, são os que mais necessitam das inverdades da imprensa.

Além das eleição presidencial, 2010 será ano de Copa do Mundo. O evento mais nacionalista do Brasil. Que pena. Porém, deixemos o lado crítico de lado e apoiemos o Brasil em busca do Hexa. Mais importante que isso será a Copa em solo africano. É o mundo se voltando novamente para o seu berço, é o filho pródigo que pede perdão ao Pai por seus erros e volta para seus braços. Espero muito dessa copa da África! Espero Mandela pronunciando, espero o povo reprimido pelo sistema racista do Apartheid gritando, sorrindo, dançando e principalmente mostrando pro mundo que nenhum sistema segregatório dessa sociedade ocidental pseudo civilazada que nenhum medida pode afastar a verdade absoluta do seu caminho. Verdade absoluta essa é que todos somos africanos, por mais nórdico que alguém seja. Mais uma vez nossos irmãos africanos, nós, vamos mostrar quão capazes somos e quando a corda do imperialismo de cima de nós sair, povo da África, ergueremos de novo nosso império imponente. Viva Laduma! Viva Steve Biko, Mandela, Samora Machel, Agostinho Neto, Nwame N' Khrummah, Cheikh Anta Diop, Haile Selassie I, Frantz Fanon, Patrice Lumumba e todos nossos heróis que lutaram por justiça!

A fome dos meus filhos nunca será a riqueza dos seus!

África Unida!

E que venha 2010!!!

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Virada do tempo




Houve um tempo em que as coisas eram diferentes...eram outras prioridades e fazia menos calor...
Eu posso saber que o dia tem vinte e quatro horas e que uma semana tem sete dias,mas eu não sei quando minha vida vai mudar ou quando o “para sempre” vai ter fim...
Vivemos em um mundo com tanta informação e chega um momento em que a gente percebe que o que queremos saber não há resposta,não passa na televisão...não é possível achar na internet com uma ferramenta de busca...
Um novo ano chega e trás com ele renovação... esperança.Não importa se pulando sete ondas ou vestindo rouba branca e lingerie amarela na virada do ano... no fim só queremos uma base sólida pros nosso planos tão incertos...queremos e precisamos acreditar que tudo dará certo...
Quando eu olho pra trás eu vejo tantos erros...tantas decisões tomadas precipitadamente...palavras que deveriam ser silencio...silêncios que deveriam ser gritos...mas eu vejo também muita coisa boa e é aí que começo a pensar que mesmo quando tudo está falhando as coisas ficarão certas depois...
É um tanto quanto difícil pra mim dizer adeus pro ano velho...olhando friamente um ano é só uma marcação de tempo...somos as mesmas pessoas no dia trinta e um de dezembro e no dia primeiro de janeiro...Quando um ano encerra é como se as lembranças ficassem lá,guardadas e irretocáveis...é quando a gente vê que tudo poderá mudar,as pessoas,os sonhos...a rotina.
Quando conhecemos alguém não é possível saber se ela será indiferente ou essencial na nossa vida...as vezes uma amizade verdadeira nasce mesmo quando estamos fechados pra isso...delimitados um circulo de pessoas pra chamarmos de amigos e fechamos os olhos pro que está alheio,mas aí conhecemos outras pessoas tão incríveis que essa barreira é destruída,mesmo sem percebermos..Os amigos agora são outros,atendem por outros nomes...Talvez não seja possível escolher amigos,acredito mesmo que eles são presentes enviados por Deus para deixar nossa vida mais colorida e brilhante...
Pra esse novo ano eu desejo mais do que paz ao mundo,desejo mais do que felicidade,saúde e prosperidade pros amigos e familiares...eu desejo mais sonhos,ideais e pessoas...Pessoas pra compartilhar os ideais,seja ele mudar o mundo ou dançar até que ascendam as luzes da balada...Pessoas pra acreditar nos sonhos,mesmo quando estiverem desiludidos e cansados...Pessoas como essas que tenho ao meu lado...




domingo, 27 de dezembro de 2009

Você me fez descobrir o que é o amor

Querida, pegue minha mão e eu te levarei até o céu,
Em meio às nuvens e aos raios do Sol
Iremos nos amar intensamente sob o encanto da Lua

Se não existisses eu te inventaria
E seria capaz de mover terras e céus
Em busca de algo que te deixasse feliz

Você foi como um anjo que iluminou a minha vida,
Trazendo os sonhos e desejos mais profundos que pudesse ter
E que, se tornam realidade quando estou com você

Assim como a flor que desabrocha na primavera
E como a neve que cai no inverno,
Você tem o dom de dar beleza às estações da minha vida

Assim como a brisa suave que sopra no outono
E como as cores das tardes de verão,
Você me fez descobrir quem realmente sou

Por você eu seria capaz de buscar o brilho das estrelas
E as areias do mar,
Se a minha história de amor é como um livro em branco,
Aos poucos escrevo pensando em você

Quando me beija e me acaricia com suas mãos suaves
Eu me sinto como se estivesse no paraíso,
Como se, de homem, me transformasse apenas em um menino

A energia que emana do seu olhar
Penetra fundo em minha alma
Como num passe de pura magia
E me guia pelo caminho por onde quer que eu vá

Não tenho palavras para explicar
Quão grande é a paixão que sinto por você,
Feiticeira que tem a minha vida em suas mãos
E me fez descobrir o que é o amor


Alison Daniel Camargo

Tudo pelo seu amor

Em ti estou pensando
Nesta triste noite de solidão
Se é errado amar-te
Então, certo eu nunca agirei
Porque estou em ti e não sei viver
Se ao meu lado não estás

Você pode sentir-me
Imaginando ver-me frente a ti
És uma lembrança viva
E em meus sonhos posso ver-te claramente
Mas tão longe estás
Como a estrela distante a quem faço um pedido

Meu mais profundo desejo
É que o passado se faça presente
Para sentir novamente
Emoções que jamais sentirei
Devo encarar os fatos
E aceitar que você só foi mais uma em minha vida
Mas que me marcou eternamente

Eu daria tudo de mim
Para te ter por uma noite a mais
Eu arriscaria a minha vida
Pra sentir teu corpo junto ao meu
Mas só posso ficar
Relembrando o som de nossa canção
Eu daria tudo de mim pelo seu amor


Alison Daniel Camargo

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Querido Papai Noel...




Venho lhe dizer que tenho sido uma boa menina,não tanto como poderia ser,mas com certeza melhor do que já fui.
Queria agradecer pelos presentes que me deu no Natal passado, que por sinal vem sendo muito úteis,esse ano gostaria de pedir uma dose a mais de paciência no meu pacote o resto pode ser igual...
Lembra do meu pedido quando eu tinha cinco anos?Pois é,queria uma maquininha de costurar e até ganhei,mas descobri que ela foi feita só para brincar e não para costurar de verdade como eu queria...Confesso que tive raiva do senhor,me senti enganada...Hoje eu aprendi que ganhar presente é ótimo,mas as coisas materiais quebram e ficam velhas...agora eu sei que existe coisas mais valiosas do que é possível comprar com dinheiro...é por isso que de uns tempos pra cá tenho pedido paz,harmonia,paciência,serenidade,saúde,sucesso...
Sabe,o senhor já deve estar acostumado com meu egoísmo,sempre peço a felicidade da minha família e dos meus amigos e como sabe não é por bondade ou generosidade que incluo eles no meu pedido...é por que só posso estar feliz se eles também estiverem...
Ainda não me dou muito bem com o telefone e por isso não ligo pras pessoas que são importantes pra mim desejando boas festas e felicidades...sempre esqueço de deixar recado no Orkut...Será que o senhor poderia fazer o favor de deixá-los sentir meu carinho e meus votos como se eu estivesse com eles?
Bom,eu acho que o senhor já tem cartas demais para ler...esse ano é só!


Feliz Natal!

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Estrada da vida...




Na estrada,olhando pela janela do carro peguei-me pensando nas escolhas que fiz...pensando nos caminhos que escolhi trilhar e naqueles que trilhei sem escolher como uma folha levada pelo vento...
É inevitável pensar de como era bom aquele tempo sem preocupações...Sentir saudades de tudo que gostaria que ainda fosse,mas que não pode ser.Olhando as margens da estrada aqueles campos verdes...as arvores...ao longe crianças brincando...faz tudo parecer tranqüilidade e paz,mas eu não estou em paz.
Às vezes eu preciso ficar só,mas as vezes eu gostaria que existisse alguém que me roubasse a solidão...
Com o tempo eu aprendi a disfarçar as coisas que realmente me chateiam e agora só meu travesseiro conhece as minhas frustrações...
A experiência me ensinou a ser amiga dos meus amigos,não mais dos inimigos que fingiam amizade...
A vida tem me ensinado a encarar os obstáculos com bom humor e fazer de cada pequena conquista uma grande vitória.
Eu queria ver a vida com os olhos de turista que se encanta com tudo e quer registrar todos os momentos... aproveitar ao máximo essa viajem chamada VIDA.Me lembro como se fosse ontem a primeira vez que fui a São Paulo,meu sonho era conhecer a terra da garoa...foi tão mágico que eu quis guardar tudo na lembrança,até o fato de ter sido quase atropelada por uma moto ou ter me perdido da turma no shopping e ficado procurando durante duas horas...No dia-a-dia os problemas a gente quer esquecer...
No decorrer dos anos, olho pra trás e vejo os sonhos que deixei...o quanto me custou abandoná-los.Tem horas que parece que sonhar é tão distante do real que passa a ser mera ilusão...mesmo se assim for é bom sonhar...
Só eu sei quantas vezes quebrei a cara e o quanto de tempo tenho demorado pra recolher os caquinhos...Acho que quando uma coisa que nos magoa acontece é como um ferida exposta..os dias passam e ela cicatriza e cicatriz não dói,só nos remete a lembrança do que ocorreu...
Fico pensando se existe mesmo destino,se as coisas já tem uma linha traçada ou se sou eu que escolho traçá-las...enfim,essas linhas escolhi escrever...
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